Em entrevista, o bispo nomeado de Caicó (RN), Monsenhor Antônio Ranis Rosendo dos Santos, fala sobre sua nomeação, os desafios da nova missão e o espírito redentorista que pretende levar ao episcopado. Natural de Porto da Folha (SE), ingressou na Congregação do Santíssimo Redentor em 1994. É formado em Filosofia e Teologia, e sua trajetória é marcada pelo serviço pastoral e pelo carisma redentorista.
João Arnulfo: Como o senhor recebeu a notícia da nomeação episcopal?
Mons.Ranis: Recebi a notícia da minha nomeação através de uma chamada de vídeo com o Núncio Apostólico, Dom Giambattista Diquattro.
João Arnulfo: Quais foram os primeiros pensamentos ou sentimentos que vieram ao seu coração naquele momento?Mons.Ranis: Neste momento, os sentimentos que surgem são de surpresa, de espanto, de se dar conta das nossas fraquezas e limitações diante de uma missão tão exigente: pastorear uma porção do povo de Deus, uma diocese. A gente fica espantado, apreensivo, sente medo e insegurança. Esses são os sentimentos que permeiam o primeiro momento após receber a notícia.
João Arnulfo: Houve alguma passagem bíblica ou oração que veio à mente quando soube da nomeação?
Mons.Ranis: Após o espanto e o medo que nos tomam diante do chamado divino, procurei me aquietar, me acalmar, e veio como inspiração o texto de João 15, versículo 4: “Fiquem unidos a mim, que eu ficarei unido a vocês. Quem não permanece em mim não pode dar fruto; sem mim, nada podeis fazer.” A união com Cristo é o que nos dá força, resistência e coragem diante da missão, pois a missão é de Jesus e nós somos apenas cooperadores. Foi este o texto que me inspirou naquele momento.
João Arnulfo: O que o senhor sente que Deus está lhe pedindo neste novo chamado?
Mons.Ranis: Deus me pede uma nova missão como pastor de uma Igreja particular. É um chamado que sabemos ter seus desafios, e que exige muito mais do que já vínhamos realizando como padres e missionários redentoristas. Agora o Senhor me chama a “avançar para águas mais profundas”. Quanto maior a missão, maior também a responsabilidade, o compromisso e o serviço. Deus me chama para um serviço maior junto à porção do povo de Deus nas paróquias, nos organismos diocesanos, nas comunidades — para ser presença de pastor.
João Arnulfo: Quais são as maiores alegrias e também os maiores desafios que o senhor enxerga nessa nova missão?
Mons.Ranis: A primeira alegria é saber que o Senhor encontrou graça em mim, olhou para mim, acredita em mim e me chama para esta nova missão. Outra grande alegria é saber que a Igreja, na pessoa do Santo Padre Francisco, confia em mim para este ministério. Isso gera uma imensa gratidão. Quanto aos desafios, acredito que o primeiro é tomar plena consciência do papel de um bispo na Igreja diocesana. Também é um desafio colocar em prática aquilo que é próprio do ministério episcopal: ensinar, santificar e governar. Coloco-me em total disponibilidade, pedindo a graça do Espírito Santo, que me ilumine e me conceda sabedoria, humildade e simplicidade para ser, no meio do povo, um servidor e pastor.
João Arnulfo: Como o senhor espera exercer seu episcopado: qual será a marca do seu pastoreio?
Mons.Ranis: Espero exercer meu episcopado na simplicidade, na humildade e na proximidade com o povo, como nos pede o Papa Francisco: ora à frente, ora no meio, ora atrás do rebanho. Quero me colocar como servidor, sempre atento às realidades, buscando ouvir, silenciar e, só então, agir. Quanto à marca do meu episcopado, prefiro deixar que o tempo revele. Não quero já definir qual será a marca. Acredito que, vivendo a missão junto do povo, a própria comunidade reconhecerá e identificará qual será essa marca.
João Arnulfo: O que o senhor leva do espírito redentorista para o episcopado?
Mons.Ranis: Levo comigo o carisma redentorista: proclamar a misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo, pois junto Dele é grande a copiosa redenção. Quero falar do amor abundante de Jesus Cristo por todos nós e levar esse jeito simples e próximo do missionário redentorista para minha nova missão. Nestes 23 anos de consagração e 19 anos de sacerdócio como redentorista, aprendi esse estilo de ser próximo do povo, de proclamar as maravilhas do Senhor e de anunciar que, junto de Jesus, a redenção é abundante e o amor é misericordioso. Quero continuar a estar junto do povo, na simplicidade e na proximidade.